A colocação e a discussão de ideias é o único caminho para a verdade.

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Em busca da verdade percorro o longo e as vezes estreito caminho da vida. Passo por pedras, por rios, por matas e por montanhas. No entanto, nunca estou sozinho. Tenho grandes pássaros que me levam nas costas, mesmo que as vezes eu seja um fardo bem pesado. Mas estou em treinamento, minhas penas já começaram a nascer, me preparo ansiosamente para dar um grande vôo na direção do criador.

domingo, 12 de junho de 2011

Rendamos Graça

       Hoje acordei as 06h30min da manha, um dia frio na capital mineira. O despertador tocou e me virei para o lado na tentativa de dormir mais alguns minutos enrolado no meu cobertor quentinho. A vontade não venceu o dever. Caso não levantasse naquele momento me atrasaria para o compromisso de logo mais. Peguei a calça jogada na cadeira, a blusa no armário, calcei meu tênis da adidas e preparei um copo de leite quente com achocolatado. Após a higiene pessoal coloquei-me em direção ao ponto de ônibus; era domingo e não poderia perder o transporte. Sentei-me no ponto em frente à Praça da Liberdade e fiquei a ver as pessoas caminhando, outros com os filhos, outros com os cachorros; em meio as arvores, flores e uma estrutura cultural para o dia. O que será que cada uma delas está pensando? Quais as alegrias, as dores e as dificuldades de cada uma? Cada uma na sua luta íntima e externa, na busca constante pela felicidade. E o que traria essa felicidade para cada um? Dinheiro, carro, um parente que já se foi ou aquele que ainda vive, mas está mais morto que o outro?  Um novo amor; ou o velho mesmo que o tempo insistiu em levar embora consigo? Afinal é dia dos namorados. 
       Não tive tempo de elaborar uma resposta, o ônibus  se aproximou e as perguntas sumiram de repente. O trajeto não durou muito, cerca de uns 20 minutos em que me entreguei a um leve cochilo. Destino: Centro Espírita Oriente. Cheguei cedo, o local ainda fechado. Somente uma senhora com uma saia colorida batendo nos calcanhares e com as duas bochechas rosadas aguardava sentada ao chão. Com um leve aceno pediu que me aproximasse e iniciou um diálogo descontraído que me fez sentir bem confortável. As pessoas foram chegando e em meia hora estavamos todos no local; eu e mais quatro amigos por volta dos seus 20 anos de idade; três garotas e um garoto. Reunimo-nos numa sala, fizemos uma oração e abrimos, aleatoriamente, o livro Pão Nosso de Emmanuel/Chico Xavier. A leitura foi a de número 100, "Rendamos Graça'': “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:18.) Demos início a alguns comentários seguidos de uma breve orientação, de uma das companheiras, sobre como se portar no local a que nos dirigiríamos e de uma prece. Destino: O lar de uma família cadastrada na casa que morava no Amontoado da Serra, uma das favelas de Belo Horizonte.
       Chegamos rápido na entrada do local, as ruas foram afinalando e subíamos cada vez mais e mais. Terceira, segunda, primeira marcha para que conseguíssemos acabar de subir. O trajeto me relembrava os filmes que tinha visto no cinema, uma realidade totalmente desconhecida por mim. Paramos o carro. O restante do caminho seguiríamos a pé. No alto, garotos em cima das lajes soltando papagaios, ao lado uma igreja evangélica louvando o senhor e alguns moradores na porta de suas casas com os olhares curiosos. Saí do carro receoso, um sentimento de medo insistia em me dominar, mas ao mesmo tempo uma vontade imensa de prosseguir falava mais alto. Andamos um pouco, pedimos informação e seguimos em frente. Adentramos em um beco com grande dificuldade de locomoção; algumas tábuas soltas serviam de escada. Dois meninos por volta dos seus cinco anos brincavam na porta de uma casa. Oi tudo bom? Vocês sabem onde mora a senhora............? Perguntou uma das companheiras. Ummm...,olhou a criança com um olhar pensativo;você viu onde foi parar meu papagaio? Respondeu logo em seguida apontando para uma árvore seca a frente. Abrimos um sorriso seguido de palavras solidárias a perda da pipa. Eu sei. Minha mãe mora aqui; disse o menorzinho entre os dois. Não conseguimos disfarçar a surpresa expressa no rosto de cada um. Apresentamo-nos e fomos convidados a entrar.
       A casa tinha dois cômodos apenas. As paredes meio rebocadas e o chão de cimento e terra batida. Fomos acomodados na cama que serviu de sofá improvisado. Iniciamos um diálogo em que pedimos a senhora para contar um pouco da sua história. Nada poderia ser mais comovente naquele momento. As dificuldades eram enumeradas ininterruptamente  sem nenhum tom de reclamação. Um dos filhos preso, desempregada e o local davam um tom melancólico à conversa. Não interrompemos. O filho adolescente acabara de sair da cadeia após ser detido por quinze dias por furto. Dizia ele nunca mais voltar a roubar, não trocaria a liberdade dele por nada. O amigo que morava ao lado o acordava de manhã: ou, ou, levanta, vamos roubar. De uma forma tão natural como se fosse um convite para ir ao clube. Culpado? Não cabe aqui fazer nenhum julgamento. O contexto de vida me levava a pensar se eu não agiria da mesma forma caso tivesse a mesma realidade. Preferi pensar que ele realmente não voltaria mais a roubar.
     Pedimos que a senhora abrisse o livro Pão Nosso, fizemos a leitura seguida de um comentário breve dela mesma. Meus amigos falavam palavras de consolo e orientação enquanto o caçula de quatro anos entrou na casa com uma folha de papel e uma linha de pipa. Foi até a mãe que pediu que ele deixasse para depois. Sem opção foi até mim e estendeu a mão com a folha e a linha. Lembrei da minha infância e do meu avô que me ensinou a fazer aquela pipa improvisada com folha de papel. Dobrei aqui, dobrei ali, amarrei a linha e a criança saiu feliz. A conversa seguiu tranqüila. Fizemos uma oração, a visita chegava ao fim. Pedimos para conhecer o entorno da casa e fomos surpreendidos ao ver que não existia banheiro. O que existia estava quebrado, o cano da rede de esgoto entupido com concreto. Isso perdurava a um bom tempo. As necessidades eram feitas em baldes e jogadas no cano da rede principal. O choque foi grande e as mãos estavam atadas, não poderíamos prometer nada. A mobilização ficaria para depois.
       No caminho de volta o silencio parecia gritar toda conversa na minha cabeça. Ninguém ousou falar nada. Mas os pensamentos não pediam licença. A imagem das pessoas caminhando na praça em meio às flores e arvores frondosas se confrontava com a casa, com o beco e com o balde que servia de vaso sanitário. Um paradoxo social. Cheguei a casa agasalhado, almocei e fui até a sacada do meu apartamento. A vista perdia-se em prédios e mais prédios. Lembrei-me da leitura com meus amigos o pela manha: Rendamos Graça. Foi o que fiz. Agradeci por tudo até as lágrimas.
       Será que essa visita fez algum bem para aquela família? Não saberei responder essa pergunta, mas uma coisa eu posso dizer com toda certeza do mundo: Para mim fez um bem enorme.
                                                                                                           
                                                                         Marcus Castro

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Servir ou ser servido?

Em todo trabalho em que se nota a boa vontade como mola propulsora é louvável a atitude que tenha como objetivo maior a continuação do serviço e o bem-estar de todos que ali estão envolvidos presencialmente ou não. Muitas das vezes, no entanto, deixamo-nos guiar por sentimentos obscuros tantas vezes desconhecidos por nos. Dessa forma, é sempre bom e prudente analisar quais os reais valores que ditam nossas resoluções e se os mesmos estão em harmonia com os ensinamentos de Jesus.
Em qualquer conflito em que exista um jogo de egos e paixões orgulhosas não há vencedor. Os dois lados perdem a oportunidade de exercitar a humildade. O único modo de vencer é amando e amar é compreender, é ter compaixão e é também, algumas vezes, silenciar. Até que todas as medidas de amor estejam esgotadas, não cabe nada fazer alem de amar.
Temos que agregar construir juntos; somos irmãos em débitos uns com os outros. Valerá mesmo à pena fazer grandes obras em detrimento do outro? Conseguiremos amar os pobres e desvalidos recusando afeto àqueles que nos cercam? Oh Senhor, até quando permaneceremos mergulhados na ilusão do orgulho?
Peço Pai, que nos ajude a sermos mais amáveis uns com os outros; que nos dê forças para realmente vivenciar os ensinamentos do Cristo, pois até hoje insistimos em permanecer no erro.
Enquanto nos chama a consolar mais do que ser consolado, fechamo-nos na auto-piedade e desejamos o consolo imediato. Enquanto nos chama a compreender mais do que ser compreendido, fechamos nossos ouvidos e exigimos a compreensão alheia. Enquanto nos revelastes a Lei de Amor a nos chamar a amar mais do que ser amado fechamos a porta da alma e, egoisticamente, mergulhamos na vaidade meticulosa ao querermos ser amados por todos.
Senhor faça-me instrumento da vossa paz e que realmente eu possa consolar mais do que ser consolado; compreender do que ser compreendido perdoar do que ser perdoado e amar do que ser amado, pois essa é a única e verdadeira forma de entender que é pela morte das nossas imperfeições que nascemos para a vida eterna e feliz.

sábado, 30 de abril de 2011

Amor



      Nos meus momentos diários de reflexão, principalmente à noite quando me ponho a orar, não raro me emociono diante da dinâmica da vida. Nessa ultima noite a palavra responsável pelas lágrimas foi a palavra AMOR, sentida de uma forma bem sublime.
      Todos nós temos objetivos em nossas vidas. Uns desejam uma viagem, outros uma carreira profissional bem sucedida, outros a estabilidade de um lar harmonioso, outros um grande amor e assim por diante. Muito saudáveis todas essas aspirações, são alavancas que nos fazem sempre progredir de forma material, intelectual ou/e espiritual. No entanto, apesar de fundamentais serão elas que levaremos conosco no momento do retorno à pátria espiritual? Levarei comigo o bom emprego, a estrutura do meu lar, o grande amor e assim por diante? Não, o que acumulamos em nossa bagagem é o aprendizado, seja ele intelectual, emocional ou espiritual. A forma como nos portamos no dia a dia, nas diversas situações, os sentimentos que aparecem e a forma como lidamos com eles é que permanecerão para sempre conosco, em um processo continuo de educação e reeducação.
      Será então necessário que viva uma vida santa? Não. Como foi dito no parágrafo anterior estamos num processo de educação e reeducação. Não se consegue remodelar o vazo de barro defeituoso sem  refaze-lo novamente,e com atenção para não repetir a mesma falta. O que quero dizer com isso é que não se muda de um dia para o outro uma construção de conceitos, ações e sentimentos que foram formados em sucessivas vidas. Nós hoje somos a consequencia das escolhas que fizemos no nosso passado, e isso não é bom nem ruim, é simplesmente nós. Por isso, no processo de educação e reeducação, que nada mais é que a reforma íntima, é fundamental o autoconhecimento. Conhecer a próprias dificuldades e qualidades é o passo inicial para mudar o que se deseja.
      O segundo passo é ter um atitude ativa e não passiva. Não adianta reconhecer as próprias dificuldades e se lamentar por elas, se sentir a pessoa pior do mundo e mergulhar em angustias e depressões. É preciso ser feliz e mudar o que pode ser mudado ou reelaborado. É preciso se amar e autoamor é querer o melhor para si,não egoisticamente. Quem se ama, se melhora, se educa e se reeduca. Constrói novos hábitos e se coloca sempre feliz em querer aprender coisas novas.
      Talvez seja essa a nossa maior busca, AMAR. Trabalhar com amor, estudar com amor, divertir com amor, chorar com e por amor, sorrir por amor, ajudar com amor, mudar por amor. Dessa forma nos sentiremos realizados no que fizermos com amor e com certeza estaremos assimilando a experiência na nossa bagagem espiritual.

"Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei" Jesus

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vamos Dançar?

Vida. Palavra tão pequena que contem uma infinidade de significados e significancias; se é que existe diferença. Hoje é um daqueles dias em que me perco em mim mesmo. Nos meus sentimentos, desejos, qualidades e imperfeições. O motivo disso tudo? O silencio de mim mesmo. Entao, colocar para fora é o melhor remédio.

Danço a dança da vida
Que vibra, que toca, que grita
Um, dois três; e começa de novo
Dois para la, dois para cá; um copo de água fria

Forró, axé e tango
Danças que são momentos
O suor molha meu rosto
Uma toalha por favor

Cansei. Quero parar.
E tá, tá, tá
Ouço o som feito no tablado
Sapateado? Vamos lá.

Lambada, salsa e merengue
Uepa! un, dos tres.
Soi yo Maria, que lhe llama
Quieres bailar outra vez?

Ufa! Um balde de água fria, por favor.
E agora uma bolha no pé.
Será que tiro o sapato?
Está me dando chulé.

Tenho um sapato novo
Mas ainda nao sei valsar
Como poderei agora, meu Deus
Sentir o gosto de amar?

Dois pra lá, dois pra cá
E agora roda uma vez.
O disco muda de lado
E volta o samba outra vez.

E vida que dança a dança que não é branda.
Será que até quando vou dançar, conforme toca a banda?
Pronto, ja sei. Comprei o meu Ipod.
Agora eu só danço, aquilo que me sacode.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um Rico Pobre Infeliz

Trabalho de sol a lua
Em busca da oportunidade
De ter uma casa igual a tua
E também felicidade

Quero o carro na garagem
E o cachorro brincando no jardim
Quero sessões de massagem
Com óleos de jasmim

Quero viajar pelo Mundo
Comer comidas exóticas
Ver de mar, o fundo
Fugir da vida caótica

Tantas coisas quero ter
Para poder ser feliz
Porque será de tanto sofrer
Se só o bem eu fiz?

A resposta logo veio
Pois tudo que tinha perdi
E em meio a devaneios
Só então reconheci

A bela casa que eu tinha
E o carro a me levar
Hoje cato latinha
Sem ter onde morar

A cama reconfortante
Ao corpo descansar
Hoje é sonho relutante
Que tento não lembrar

O Mundo que quiz conhecer
Longe de mim estava
Mas o fundo do meu ser
Eu nunca visitava

Comidas diferentes almejei
Desfrutar em boas companhias
Hoje por sorte almocei
Pequenas batatas frias

Oh! Se tivesse olhado
Para aqueles que nada tem
Teria depressa notado
O quanto eu tinha de bens

A dificuldade me molesta
Mas hoje não reclamo
Sigo de forma honesta
A viver por quem eu amo

Deus, família e a vida
Amores incontestáveis
Felicidade atingida
Com dores imensuráveis.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Chico Xavier - 100 anos de Amor

       Quanta benção, alegria e vontade de ser uma pessoa melhor a sua vida nos trás. Já pequeno enfrentando as adversidades do dia-a-dia se mostrava um discípulo do nosso Mestre Jesus.
        Sua humildade se concretizava em atos que em nós despertam repugnância, como o fato de lamber uma ferida do primo enfermo. Como ainda nos encontramos distantes dos ensinamentos de Jesus e dos exemplos do Cisco. Cisco esse que brilhava e que se visto de perto mais parece uma estrela radiante. Estrela ou cisco, nunca deixou de brilhar, levando a luz do evangelho a todos os lugares. Amigo de Luz, você é a prova viva de que mais vale a conduta correta do que os prazeres mundanos.
        Obrigado amigo, pela paciência e pela disciplina. Serei eternamente grato pelas obras que nos deixou. Obras estas que nos esclarecem, ensinam e consolam. Louvado seja o Cisco de Deus, que dispôs de uma vida toda em favor do próximo.
        Pai de infinita misericórdia cerque de júbilos essa alma Cristã, que trouxe a verdade, a luz e a vida mais uma vez a nós. Que nossas preces se elevem ate o homem que ao se denominar Cisco, tornou-se o amigo inseparável de toda a humanidade.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mais perto do Céu

Mais perto do céu, pretendo ver.
Um mundo novo de paz
Mais perto do céu, procuro entender.
A vida e seus porquês

Porque ficar longe, se quer ficar perto.
Porque odiar, se queres amar.
Porque violência se pedimos paz.
Porque da fome se sobra alimento.

Mais perto do céu, pretendo ver.
O mundo regenerar
Mais perto do céu procuro entender
A vida e seus porquês

Porque maldizer, se pode cantar.
Porque destruir se pode criar
Porque desespero se pode orar
Porque preconceito se somos iguais

Mais perto de céu, pretendo ver.
O mundo se transformar
Mais perto do céu consigo entender
A vida e seus porquês

Quem hoje esta longe, já esteve perto.
Quem hoje odeia, terá que amar.
Quem hoje agride será agredido
Quem hoje tem fome não quis ofertar

Mais perto do céu pretendo ver.
No mundo a justiça reinar
Mais perto do céu consigo entender
A vida e seus porquês

Quem hoje maldiz feliz não está
Quem hoje destrói terá que criar
Quem tem desespero perdeu a fé
Quem hoje aponta apontado é

Mais perto do céu pretendo ver
No mundo o amor confortar
Mais perto do céu consigo entender
Que Deus sabe o que fazer.

Marcus Castro